terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O caminho espiritual não precisa ser árduo


Quando viajam para algum lugar, as pessoas apreciam diferentes coisas ao longo do caminho, sem perder de vista o destino final. Com relação ao auto-conhecimento, não é preciso ser diferente. A beleza dessa busca está não apenas no destino a ser alcançado, pois o caminho também é bonito.

Freqüentemente se diz que o caminho espiritual é extremamente árduo. Mas, se você realmente compreende o que “espiritual” significa, você perceberá que não há nada árduo com relação a esse caminho. O que há de árduo em ouvir constantemente que você é ilimitado, ananda? O caminho espiritual também tem sido comparado a uma navalha: “não pare; seja muito cuidadoso! Um passo em falso e a queda será grande. Quanto mais alto for, pior será a queda!” Se você for até um pináculo e escorregar, dificilmente sobrará algum osso para contar a sua história. Assim como poderão ser feitos os ritos finais para você? Mas essa conversa baseia-se no pressuposto de que há algo a ser realizado. Na realidade, há apenas algo a ser compreendido. Se o objetivo é ananda, completude, felicidade, como pode o caminho até lá ser desprazeroso? Até onde você entende, o caminho é ananda. O caminho é ananda e os dois lados são ananda. Não há nenhum momento sem graça, como na peregrinação a uma montanha. Enquanto anda pelas trilhas das encostas, cada uma das inúmeras curvas revela uma nova paisagem, um novo vale, um novo cenário.

Do mesmo modo, o caminho para o auto-conhecimento não é árduo. O próprio caminho é prazeroso e o final é o próprio prazer. Ao contrário do que muitas vezes ouvimos, o caminho não é mais difícil no início e prazeroso só mais à frente ou prazeroso no começo e penoso depois.
Às vezes se diz que o caminho espiritual é amargo no começo e prazeroso depois, enquanto que o caminho material é prazeroso no começo e amargo mais à frente. Mas... será realmente esse o caso? Não será o caminho material sempre um problema, no começo, no meio e também mais adiante?



Swami Parananda Saraswati
Traduzido pelo yogi Germano Glufke Reis da obra Bhagavadgita, Home study course, capítulo 4, pp. 54 – 55.

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